COLÓNIA, Alemanha, 30 de junho de 2021 – Deslocar-se de automóvel ou em transportes públicos pode constituir um problema para pessoas com mobilidade reduzida. Todos os anos, no Reino Unido, adultos com deficiência fazem 26 por cento menos viagens do que os adultos sem qualquer limitação física.
Nesse sentido, Calum Gambrill, um estudante de Design Industrial e de Produto da Universidade de Ravensbourne, em Londres, desenvolveu uma solução que poderá proporcionar às pessoas com deficiência e aos cidadãos mais velhos um serviço de táxis autónomos para deslocação nas grandes cidades.
O estudo “Embark” venceu o “Ford Design Award”, no âmbito dos "New Designers 2021 Awards" – a maior exposição de trabalhos elaborados por licenciados em design no Reino Unido. O Prémio Ford desafiou os estudantes de design a adotarem uma abordagem centrada no ser humano para os protótipos de veículos autónomos, imaginando a experiência do utilizador em termos de interiores, iluminação, acessibilidade e entretenimento.
“O futuro é o sonho de um designer. Estou satisfeito por ver jovens de diferentes indústrias criativas a pensar fora da caixa. Precisamos de abraçar coisas desconhecidas de forma a incutir nos automóveis novas experiências inspiradoras”, referiu Amko Leenarts, Diretor de Design da Ford Europa.
O estudo “Embark” antevê um serviço de táxi, acessível e inclusivo, que utiliza uma aplicação dedicada e uma frota de veículos autónomos elétricos. O utilizador solicita o veículo na aplicação, acedendo, depois, através de uma rampa na porta lateral. A aplicação Wi-Fi a bordo permite aos passageiros aceder à Internet e ouvir música durante a viagem. O veículo estaria, igualmente, conectado a outros veículos autónomos para calcular as rotas mais eficientes e encontrar estacionamento disponível. O pagamento seria por quilómetro ou através de um serviço de assinatura mensal.
“A profunda perceção dos direitos humanos identificados por Calum fizeram do seu trabalho uma referência para nós, uma vez que o conceito Embark abraça o design centrado no ser humano. Também identificou uma área de oportunidade para veículos autónomos, que se adequam amplamente às necessidades que definiu, ilustrando o vasto potencial de mudança que esta tecnologia pode proporcionar”, afirmou Usha Raghavachari, Diretora do Laboratório D-Ford, que agrupa o conjunto de laboratórios Ford dedicados à inovação criativa a nível global, onde são preparadas soluções de futuro, num prazo de dois a quinze anos, e é adotada uma abordagem centrada no ser humano para o design, bem como na resolução de problemas.
Graças ao seu conceito vencedor, Gambrill recebeu um prémio no valor de £1.000 (1.160 euros), destinado a apoiar o desenvolvimento da sua carreira de design, bem como dois meses de acompanhamento por parte de designers na D-Ford. Do júri fizeram parte Leenarts e Raghavachari, juntamente com Betsy Fields-Smith, Diretora da IDEO, e James McLachlan, editor da Car Design News.
“Os estudos de design diretamente impulsionados pela identificação de necessidades não correspondidas das pessoas são os que tendem a ter o impacto mais significativo. Concentrar-se num grupo de utilizadores que é muitas vezes esquecido pela rede de transportes públicos, é muito recompensador e representativo dos processos e valores do design centrados no ser humano preconizados pela Ford”, acrescentou Fields-Smith.
Os segundo e terceiro classificados foram um estudo de design interior da Olivia Goldsmith, que incorpora um painel de instrumentos interativo, iluminação ambiente e bancos que brilham no escuro, e um “banco bolha” da autoria de Lili Chen, que se adapta a qualquer forma de anatomia humana para reduzir a fadiga e aumentar o conforto. Outros trabalhos apresentados fizeram uma abordagem de interiores com o recurso a materiais éticos e reciclados, enfatizando a saúde mental e o bem-estar, e com caraterísticas de interatividade que oferecem uma sensação de diversão.
“Enquanto muitos dos trabalhos apresentados se concentraram em materiais e design de iluminação, o que mais se destacou foi o que propõe um sistema de mobilidade, uma vez que oferece uma solução para um problema tangível: melhorar as perspetivas das pessoas com deficiência que necessitam de se deslocar, um problema inerente a uma cidade como Londres e a outras grandes cidades onde os sistemas de transporte coletivo estão longe de satisfazer este grupo de pessoas, frequentemente esquecidos pela sociedade”, adiantou McLachlan.
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